Um pouco da história de Robertão
Nascido e criado na roça de Pirenópolis, Roberto Gonzaga Oliveira, Robertão, é um artista que encanta e intriga em partes iguais: sua obra abrange a criação de máscaras, brinquedos, esculturas articuladas, peças surreais que tratam de temas do cotidiano de uma maneira inusitada.
Filho e neto de marceneiros, Robertão primeiramente aprendeu com o pai a profissão. Aos 8 anos de idade produziu seu primeiro brinquedo de madeira. Hoje, domina a arte da marcenaria, produzindo das mais variadas peças como jogos, amoladores e móveis.

A criação artística veio na adolescência ao entrar em contato com o personagem mascarado na festa das cavalhadas:
“Eu comecei a me aventurar pela arte na minha adolescência. Meu pai sempre nos levava, eu e meus nove irmãos e irmãs, para acompanhar as Cavalhadas”, conta Robertão. Em uma dessas ocasiões, por volta dos 16 ou 17 anos, o artista viu uma pessoa trajada com uma máscara diferente. “Não tinha os chifres daquelas tradicionais. Nesse momento, eu decidi que, no próximo ano, eu faria a minha máscara”
– conta o artista para o jornal DM Entorno.
Assim, começou seu próprio processo criativo: criou um personagem e uma máscara para a festa do Divino. E não parou mais. Usando a técnica da papietagem (papel colado em camadas) e depois a pintura, suas máscaras se destacavam por jogar com as proporções e desproporções, utilizar objetos do cotidiano, ferros, madeiras, e outros elementos que criavam um conjunto absurdo e impressionante.

Ao participar da festa, Robertão completava a sua criação ao encenar o seu personagem inventado vestido da máscara. Com seus quase 2 metros de altura, a obra se tornava, então, surreal: causava impacto e riso nos pirenopolinos, que aguardavam ansiosamente sua aparição com a máxima: “Só podia ser coisa do Robertão!”.
Seu atelier e sua obra atual
Além da genialidade das máscaras, Robertão passou a criar outras tantas obras que são de valor inestimável. Seu trabalho é vasto e rico em significados. Ele explora as dores do mundo, o absurdo e o fantástico de uma maneira única, inteligente: segundo ele, sempre tentando destacar o belo naquilo considerado feio.

Esculturas articuladas, como um jacaré que nada no lago enquanto o moinho gira, um guitarrista feito em restos de ferro, pregos e parafusos no saúda na entrada de seu sítio. Em cima de uma mesa, um extintor colocado sobre uma tábua vira um tira gosto de salame. Em seu galpão, que está localizado na Zona Rural de Pirenópolis, podemos entrar em contato com o processo de criação do Robertão. São muitos objetos colecionados durante anos trabalhando com seu pai e como artista, todos os tipos de ferramentas, pregos e parafusos das mais diferentes idades e estados de conservação, madeiras de demolição, objetos com valor histórico. Tudo isso sendo aproveitado pelo artista, pelo prazer de criar.







Ver a obra de Robertão realmente nos tira do lugar do assistir passivamente e nos coloca no lugar de pensar e questionar as impressionantes interpretações e representações que ele faz do nosso viver. Uma inchada inchada, um martelo que se martela um prego, um estilingue gigantesco para pegar… Gigantes?

O artista teve a sua obra e história expostas na mostra “Mirabolações: a Arte Brincante de Robertão”, que ocorreu no Cine Pireneus, em Pirenópolis, em 2022. Em 2024, foi o artista homenageado do festival PiriDOC. Esse reconhecimento demonstra sua importância para a cena cultural e artística da cidade. Um de seus sonhos é fazer um museu público em Pirenópolis, com espaços de oficinas para ministrar cursos aos jovens e instigar o criar criativo da marcenaria e outras técnicas brincantes.
Veja um pouco de sua exposição no Cine Pireneus















E você, conhecia a arte de Robertão? Te convidados a conhecer mais sobre o artista e agendar uma visitar no seu incrível atelier, que está há menos de 10 minutos do centro de Pirenópolis.
Fontes:
Catálogo da exposição “Mirabolações: a Arte Brincante de Robertão”