O Festival de Highline Nômade aconteceu nos dias 28, 29 e 30 de junho de 2024 no Morro do Macaco, Pirenópolis. Reuniu atletas, amadores e interessados pela prática do slackline nas alturas. Uma fita que cruzou o vale foi instalada e convidou os equilibristas a se aventurarem. Totalizando 800 metros de travessia nas alturas, a fita conectou dois paredões da chapada. Essa foi a terceira maior fita montada no Brasil e a mais extensa do centro oeste.

Conversei com o atleta Matheus Vidal e sua companheira Alice Amaral, que idealizaram e organizaram o festival. Agora, vou contar para vocês sobre esse evento incrível e sobre o recorde alcançado no Morro do Macaco.

Matheus Vidal, conhecido como Mago do Equilíbrio, é atleta de highline e highline em velocidade. Já participou de vários campeonatos nacionais e mundiais, tendo ganhado o título do mundial de speedline na China em 2023. Esse ano, participou novamente do Campeonato Mundial de Highline LAAX, na Suiça. Alice Amaral é praticante do esporte e instrutora de yoga.
Mas o que é Highline?
Tudo começou há muito tempo atrás, quando equilibristas usavam cordas tensionadas para praticar travessias que variavam de altura e distância, muitas vezes sem equipamentos de proteção. A prática do equilibrismo foi evoluindo, assim como seus equipamentos. As cordas, que eram pesadas, deram lugar a fitas mais leves, resistentes e seguras. A prática do equilibrismo gradualmente ganhou outro nome: slackline.
O slackline ganhou força quando escaladores começaram a praticar o equilíbrio em fitas tensionadas próximas ao chão, entre pedras ou árvores. Inicialmente, era uma forma de treinamento para melhorar a concentração e a força, mas a prática rapidamente ganhou popularidade, evoluindo em diversas modalidades, como o trickline e o highline.
O highline, uma emocionante vertente do slackline, surgiu na década de 1980, quando os primeiros atletas começaram a praticar essa atividade em locais elevados, a mais de 30 metros do chão, desafiando a gravidade e suas próprias limitações. O highline combina a adrenalina de caminhar sobre uma fita esticada entre altas formações rochosas ou prédios, com a busca por novos desafios e a conexão com a natureza.
Ao longo dos anos, o esporte cresceu em popularidade, atraindo adeptos que buscam não apenas a superação física, mas também momentos de introspecção e conexão com o ambiente ao redor. Hoje, competições e encontros de highline reúnem praticantes de todo o mundo, celebrando a coragem, a habilidade e a paixão por essa modalidade única.

Desde quando existe o Festival de Highline Nômade?
O Festival de Highline Nômade foi ideia do casal, que queria celebrar o aniversário do Vidal de maneira diferente. Eles então pensaram em fazer um evento para conhecerem e praticarem juntos a modalidade do esporte nas alturas. Chamaram amigos, praticantes e divulgaram para mais interessados.
Essa foi a primeira edição do evento. Foi organizado a quatro mãos por eles, amigos e com a ajuda do Acampa Macaco. A principal atração foi a oportunidade de atravessar o terceiro maior highline já feitos no Brasil. Além disso, houve prática de yoga, rodas de conversas e exibição de filmes sobre slackline e escalada.
Com o sucesso do evento, querem realizar mais edições. Em lugares diferentes e com o objetivo de trazer a prática para novos públicos, compartilhar experiências e conhecimentos.

O que tem de especial no Morro do Macaco?
O Morro do Macaco é explorado por escaladores de todo Brasil, que se encantam com a beleza e a magia do local. Seus paredões e vias de subida são um grande atrativo da região. Quando Vidal e Alice se mudaram para Cocalzinho de Goiás, Vidal estava a procura de um local para treinar e se preparar para o Mundial de Slackline que estava se aproximando.
Encontraram o Acampa Macaco, um camping descontraído e muito acolhedor. Recebem escaladores e visitantes para conhecerem e explorarem a região. Seu Zé e Dona Elenir, donos do camping, são duas jóias generosas. Estão sempre dispostos a ajudar e embarcam nas ideias mirabolantes dos visitantes. Do camping, você tem acesso a trilha que leva os escaladores até as vias de escalada.
Lá eles encontraram o local perfeito para a sua base de treinamento. Tinham espaço de sobra para instalar e praticar na corda, acesso a uma infraestrutura bacana para alimentação e descanso. Além disso, encontraram senso de comunidade e troca de experiência com outros atletas e praticantes. E sim, tinham o visual e a energia únicos do Morro do Macaco! Vidal idealizou o highline e conseguiu fazer a sua ideia se concretizar com a ajuda de Alice e amigos.
Como foi o processo de instalação da corda?
O processo de instalação dos 800m de fita começou dias antes. Começaram a planejando onde seriam os pontos viáveis de montagem. Foram feitas algumas visitas técnicas até que o grupo escolheu os pontos ideias de ancoragem.
Após a separação dos materiais, foram criados dois grupos, cada um ficou em um ponto de ancoragem. Com a ajuda de um drone e de uma linha de pesca, fizeram a conexão ente os dois pontos . Então, criaram o mecanismo para passar e conectar a fita do slackline. Em suma, um dos grupos iria puxar a fita, enquanto o outro grupo iria soltar a fita.
Com o slackline e seu back-up de segurança já estendidos entre os dois pontos, os grupos iniciaram o processo de tensionamento. Assim, o slackline fica bem esticado para as travessias. Dessa forma surgiu o maior highline já extendido no centro oeste do Brasil, com quase 800m de comprimento.

Parece simples, porém esse processo iniciou-se pela manhã e foi finalizado apenas pela noite. Valeu o esforço, o highline ficou em um lugar incrível. Até podia ser visto da varanda da Fazenda Pirinox, muito emocionante!
Mas e se cair do highline?
Se alguém cair do highline, não é um problema. Os praticantes estão vestindo uma cadeirinha de escalada esportiva. Esta está conectada ao slackline por uma corda que se movimenta a medida que a pessoa vai caminhando. Portanto, se ela se desequilibrar, está presa ao slack e pode se empurrar novamente para cima e continuar a travessia.

Cruzaram os 800 m sem quedas?
Sim, algumas pessoas experientes cruzaram os 800 metros do highline! Dentre eles: Matheus Vidal, Matheus Waeny, Urso (Willian) e Gusta. Eles quebraram o recorde de distância atravessada em highline no centro oeste e colocaram esse highline como o terceiro maior já feito no Brasil.

Atravessar uma bigline dessa magnitude é algo pelo qual eu sempre me preparei. Poder meditar por um longo tempo, atravessar o vazio do céu, e provar para mim mesmo que consigo meditar por toda essa travessia é a essência do que eu busco no Highline.”
Depoimento de Matheus Waeny ao atravessar o highline. Na foto, ele no meio de sua travessia.
É possível praticar a modalidade no Acampa Macaco?
O Acampa Macaco é um excelente local para a prática do slackline. Atualmente, o highline de 800 metros já está desmontado. Porém, os praticantes podem treinar nos outros highlines menores, nos slacklines instalados no camping e em um midline. Eles também possuem guias e instrutores treinados para te ajudar na prática.

Além disso, o camping oferece refeições caseiras, opção de estadia em cabanas com colchão e uma programação de eventos, palco aberto e muita gente bacana para conhecer e trocar ideia. Entre em contato e saiba mais sobre esse lugar único clicando aqui.
Quais os benefícios dessa modalidade?
A prática de equilíbrio, seja no high, mid, ou slackline, traz muito foco e conexão. Sua respiração deve estar no ritmo da sua caminhada. Sua postura, alinhada com seus movimentos. É uma prática que trabalha com os medos e ansiedades, trazendo muita coragem, empoderamento, e a vontade de sempre se superar. É muito gratificante quando você percebe a sua evolução a medida que você pratica, além de ser uma prática muito prazerosa. Esse equilíbrio, traz agilidade e calma ao mesmo tempo. Você não vence a fita no ódio, mas na paciência, persistência e resiliência. É uma pratica que mostra muito o que você tem dentro, a vibração da fita vem de você, ela não se mexe sozinha, portanto você consegue controlar essa vibração, e isso se reflete em outros aspectos da sua vida.
Alice Amaral
Se você tem curiosidade de conhecer mais sobre a técnica, entre em contato com o Acampa Macaco e venha fazer uma visita à Chapada dos Pireneus.